quarta-feira, 12 de junho de 2013

O APRESSAMENTO INFANTIL E SUAS CONSEQUÊNCIAS

     Justificam que a criança perderia um ano de sua vida escolar, desestimulando-se por ter que refazer um período, o que poderia causar-lhes um mal (seriam repetentes). Até um tempo atrás, antes do ensino fundamental ser de nove anos, as crianças entravam na primeira série no ano em que completavam sete, não importando o mês. Muitos se adiantaram praticamente em 12 meses sua escolaridade. 
     Quando se trata de aprender, adiantar nem sempre é lucro. Pelo contrário. Muitas crianças e adolescentes, mesmo sendo inteligentes e capazes, apresentam problemas no desempenho acadêmico devido a estarem cronologicamente adiantados. A impressão que passam é que estão no lugar errado, enfrentando exigências pedagógicas que vão além de sua maturidade.
     Com a mudança do ensino para nove anos, a data limite para a entrada no ensino fundamental era 30 de junho. Que também trouxe insatisfação para o pais das crianças que aniversariavam depois.E depois houve-se nova mudança, colocando a data limite para 30 de março. Eles ficam bastante angustiados com isso, o que é estimulado pelas escolas – de que se deve aprender as coisas cada vez mais cedo. Diminui-se o tempo de ser criança, pois elas estão aprendendo tudo mais cedo, inclusive erotizando-se precocemente. Como se isso representasse alguma vantagem lá na frente, quando estivessem competindo no mercado de trabalho. O que também é associado a ilusão de que o filho é especial por saber determinadas coisas tão novinho. Esse um ano não é perda de tempo e nem de conhecimento. Pelo contrário, pode representar ganhos.
     Como o desenvolvimento de determinadas habilidades intelectuais, emocionais e sociais necessárias para dar conta do processo de aprendizagem. Não basta ser inteligente para aprender. Além do mais, preocupa o fato de as escolas virem a aplicar testes de inteligência para determinar a capacidade de seus alunos. Algo que pode ter um resultado discriminatório para aqueles que não tiveram um bom resultado. Sem contar que é necessário um profissional psicólogo que domine essas técnicas para realizar o trabalho. Como é que fica isso, principalmente no setor público, que até professores faltam? Talvez precisássemos da intervenção do setor judiciário que garantisse um ensino público de qualidade. Para aqueles que estão colocando o filho na Educação Infantil, é necessário já adequar o ano a sua idade, considerando a data de aniversário. O que já deveria ter sido feito por esses pais e escolas que estão lutando para que a criança se adiante. Vivemos esta experiência em nossa escola diversas vezes. Abaixo está um relato de uma mãe que vivenciou esta experiência. 

 "No início do ano de 2013, a direção da escola me deixou ciente da liminar concedida pela justiça federal que alterou data limite, liminar que altera a lei em vigor sobre a idade de ingresso no ensino fundamental. Com isto, teria a oportunidade de colocar o meu filho Lucas no Maternal III. Ficou claro para mim de que seria uma escolha minha e que a Lei que proíbe as crianças que fazem 3 anos depois do dia 30 de Março cursar o Maternal III ,havia sido alterada com a liminar. Eu claro, imediatamente decidi em mudar meu filho para o Maternal III,mesmo ciente de que ele estaria numa turma em que as crianças já estavam com 3 anos completos, afinal de contas pensei que estaria fazendo o bem pra ele; não ficaria atrasado na escola futuramente. Nesse processo, fomos percebendo que o Lucas foi ficando triste, isolado , não falava da escola como antes etc. Chegávamos na escola para buscá-lo e ele sempre estava sentadinho no cantinho, longe dos coleguinhas... Comecei a questionar se os coleguinhas estavam o isolando , se ele não estava se dando bem com a professora ... Até que a minha irmã tomou a atitude de perguntar como ele estava indo na escola para professora. A professora disse que ele estava muito quietinho e que não estava se adaptando a turma do maternal III. Depois ao conversar com a ex professora dele, ela disse que achava que ele estava tendo problemas de adaptação e que isso não estava fazendo bem pra ele . Logo em seguida,fui convidada para uma reunião pela direção da escola justamente pra falar sobre a adaptação do Lucas no maternal III. Realmente ele não estava se adaptando, e nem preparado para a nova situação. Estava triste ( coisa que ele nunca foi), isolado e que isso futuramente poderia causar problemas futuros tanto de ordem acadêmica como psicológica.O comportamento do meu filho deixou bem claro para mim que eu deveria voltar com ele para o Maternal II . Eu só quero o bem do meu filho e não quero que futuramente ele desenvolva problemas na escola, de segurança, auto- estima por causa de 1 ano de diferença. Com o retorno do Lucas para o Maternal II meu filho voltou a ficar, feliz, animado, contando o que aconteceu na sala de aula, cheio de disposição. Só agradeço ao Instituto Pedagógico Lápis de Cor pela atenção e cuidado com o meu filho e por nos dar a oportunidade de nos orientar para que nossos filhos estejam felizes e vivendo a etapa certa na vida deles." 

Juliana Pinheiro Ribeiro.